“Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás? Por que me mostras a iniqüidade e me fazes ver a opressão? Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há contendas, e o litígio se suscita. Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida.” (Habacuque 1.2-4)
O profeta Habacuque revela sua angústia por duas razões: Primeiramente, a que ocupa a maior parte de sua fala: a injustiça é manifestada em todos os cantos, em todos os momentos, a todas as pessoas. Em segundo lugar, aquilo que o conduz a angústia: o silêncio de Deus. A aparente passividade, ou mesmo omissão de Deus diante de terrível quadro.
Para o profeta este silêncio afrouxa a lei, causando nos homens certa arrogância em agir como bem entender, crendo que não será alvo de correção. Mas, acima desta conseqüência, o maior incômodo é o silêncio em si. Como profeta, portanto, porta-voz de Deus ao povo, o silêncio divino o silenciava também; afinal, suas palavras ao povo eram palavras originadas de Deus. O pecado aumenta, a injustiça se alastra, o necessitado olha para o profeta, aguardando direcionamento, e juízo aos opressores, e… nada! Deus nada diz. Nenhum sinal, nenhum juízo, nenhuma esperança, enfim, nenhuma manifestação.
Dói! Angustia! Queima por dentro e revolta por fora. Mas, por incrível que pareça, Deus, em muitas situações, revela seus sentimentos e vontade com seu silêncio, mais do que com palavras. Temos exemplos nas Escrituras, deste silencio revelador de Deus:
1. Revelando rejeição: “Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue.” (Isaías 1.15).
2. Revelando disciplina, como no caso do silêncio definitivo de Deus para com Saul (1 Samuel 15).
3. Revelando amor sacrificial: “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante seus tosquiadores, ele não abriu a boca.” (Isaías 53.7).
4. Revelando concordância, como no caso de Jesus diante do sinédrio (Mateus 26.60-63), e diante de Pilatos (Mateus 27.11ss).
Em silêncio o Senhor revelou, poderosamente, sua vontade. Assim, quando em silêncio, não necessariamente, Deus está passivo, omisso, ou mesmo indiferente. O seu silêncio exige de nós, um voltar-se a ele. Exige uma maior atenção, um mais qualificado tempo. Quando em silêncio, Deus nos coloca para exercitar a atenção, a paciência, a perseverança, a dependência. Deus desperta e fortalece a esperança. Em silêncio, Deus exige mais de nós. Ele nos quebra, e nos angustia; para, então, nos fortalecer; tornando-nos mais resistentes e observadores.
Ame a Deus em seu silêncio!
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